terça-feira, 28 de setembro de 2010

Para viajar

Por Eliza Brito
Fotos: Google

Quem me conhece sabe como sou ansiosa. E só eu sei como isso me atrapalha!
Sabe aquela história de dizer um defeito que pode se transformar em qualidade na hora de uma entrevista de emprego? Aprendi, por conta disso, a afirmar que meu maior defeito é ser ansiosa, porque sou daquelas que enquanto não atinjo a meta não sossego e que gosto de ver os resultados. Na verdade, sou ansiosa porque sou. Por qualquer motivo, porque é da minha natureza. E sou tão ansiosa que estrago grandes prazeres, como ler um bom livro com a paz e a tranqüilidade que ele merece. Mas, como acredito que tudo na vida pode ser melhorado, estou me esforçando para mudar essa realidade. E a obra Autores de guias de viagem vão para o inferno?, do escritor de guias de viagem Thomas Kohnstamm, foi a primeira que li dessa maneira. Não sei se estou melhorando ou o livro é muito agradável, ou os dois, mas foi uma leitura calma e prazerosa, como eu estava procurando.

Thomas Kohnstamm é americano e estava insatisfeito com o trabalho, gostava da namorada antiga, mas não pensava em casar, não sabia na verdade do que gostava. Aliás, gostava de viajar, mas isso não ia mudar em nada a vida dele. Cursou o mestrado em Estudos Latino-Americanos e, por isso, fala português e espanhol. Mas isso também não parecia ter sentindo algum no rumo do destino. Até que foi convidado pela Lonely Planet para escrever um guia de viagem sobre o Nordeste do Brasil. E ai a história começa. Entre casos amorosos com estrangeiras e brasileiras, digamos, complicadas; drogas; bebida; tentativas frustradas de escrever e de conhecer os melhores hotéis e restaurantes de cada lugar por onde passou; maus bocados vividos com a polícia, Thomas me levou a rever os destinos da minha terra pelo olhar de um americano, preocupado em saber o que escrever daquela vivência imediata. Como jornalista, sei bem a diferença de apenas viver e de saber que preciso escrever sobre aquilo tudo.


Thomas
Passando pelo Ceará (Fortaleza, Canoa Quebrada, Jericoacara, Atins), Rio Grande do Norte (Natal, balneário de Pipa) e Pernambuco (Recife e Olinda), Thomas descobre as dificuldades de uma das profissões mais desejadas do mundo. Só para resumir, autores de guias de viagem recebem pouco, o tempo é curto, as informações exigidas são enormes, a rotina é exaustiva. E com isso ele redescobre muito de si, tudo acompanhado a descrições recheadas de aventuras e belezas. Para quem gosta de relatos e viagens, o livro é uma boa pedida. Depois dele eu já estou marcando minha passagem para o Ceará e as minhas impressões de lá, eu conto depois por aqui!   

3 comentários:

  1. Poxa, a forma como você comentou o livro me deixou interessadíssima, inclusive me identifiquei com algumas coisas. Bom ser a 1ª turista desse texto!

    Um bjo lizinha, cada dia você está escrevendo melhor! Como já dizia Thomás Edson: "Para ser gênio é preciso de 1% de inspiração e 99% de transpiração".

    Nique =)

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  2. Antes de mais nada: adorei o texto. Objetivo, envolvente e encantador.
    Eliza, assim como vc, sofro de ansiedade crônica por tudo e por nada ao mesmo tempo e sei como isso é difícil. Como o autor, ando procurando descobrir aquilo que me agrada (pensava que a essa altura eu saberia, mas não, ainda não sei).
    Ah! Quero emprestado, digo logo! Leva no próximo encontro haha
    =***

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  3. Boa resenha. Agora vou ler.
    Bjo,
    Ana Brito

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